Brasil desperdiça dois match points, vê Rússia virar e é prata de novo no vôlei masculino
Gustavo FranceschiniDo UOL, em Londres (ING)
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E o título esteve muito perto. O Brasil repetiu o que havia feito na primeira fase e atropelou os russos nos dois primeiros sets. No terceiro, teve duas chances de fechar, mas um "apagão" na hora errada comprometeu o jogo. A Rússia acordou com uma grande mudança do técnico Alekno, que colocou o central Muserskiy para jogar de oposto, venceu o terceiro e o quarto sets e liquidou a partida no tie-break.
Apesar da frustração pela maneira como o jogo se desenhou, a prata é muito mais do que se esperava da equipe antes do início das Olimpíadas. O Brasil que viajou a Londres desacreditado, encontrou seu melhor jogo durante a competição, mostrou muita força ao longo da campanha e encarou de frente seu rival na final. A Rússia, campeã da Copa do Mundo e da Liga Mundial do ano passado, estava longe de ser um rival qualquer.
No início, porém, parecia que o Brasil atropelaria como fez contra Argentina e Itália, nas quartas e na semi, respectivamente. O saque forte e Murilo foram as grandes armas do time no primeiro set contra a Rússia. Além de fazer dois aces, a seleção quebrou o passe rival diversas vezes e atrapalhou a vida do oposto Mikhaylov, grande arma dos europeus, que acertou só três de nove ataques na parcial.
A Rússia voltou melhor no segundo set, distribuindo melhor as bolas e crescendo no saque, mas nada que realmente assustasse o Brasil. A seleção até caiu um pouco na defesa e no aproveitamento defensivo, mas esteve à frente no placar desde o começo, quando abriu 11 a 6.
A reação dos europeus se limitou a reduzir a diferença para um ponto no 16 a 15. Só que Wallace fez o time rodar, Dante foi bem no saque e logo o Brasil fez 19 a 15. A vitória no segundo set foi indolor para a torcida, que já gritava com tom de “campeão” quando a seleção fechou por 25 a 20.
O terceiro set deu uma cara totalmente diferente ao jogo, que finalmente se assemelhou a uma final. O Brasil saiu ganhando por 14 a 11, mas não tardou a levar um susto. Murilo e companhia viram o levantador rival fintar o bloqueio e encaixar três bolas em sequência. O jogo empatou em 15 a 15 quando, em um ponto decisivo, Murilo encarou o paredão russo, colocou a bola no chão e evitou que os europeus passassem à frente.
Foi uma solução momentânea. O Brasil logo fez 18 a 15 e viu a torcida, empolgada, pedir a presença do capitão Giba, que assistia a tudo do banco. Bernardinho, impassível, ignorou. A Rússia, indiferente à festa, seguiu pressionando e empatou em 22 a 22, tornando os pontos finais tensos. Foi Wallace, no 23º ponto, quem colocou o Brasil de novo à frente.
Giba, então, finalmente entrou em quadra para uma passagem relâmpago pelo saque e foi ovacionado pelo público, saindo na sequência. A Rússia aproveitou, manteve o sonho vivo salvou dois match points e virou, vencendo a parcial por 29 a 27.
O revés esfriou o público e colocou Giba em quadra. Aposta de Bernardinho, o veterano entrou no quarto set no lugar de Dante, que estava com muitas dores no joelho, mas não não foi bem. Errou quatro ataques e esteve mal na defesa, vendo a Rússia disparar aproveitando-se sobretudo do saque forte que começava a entrar. Os europeus fizeram 18 a 13 marcando bem os centrais e deixando Murilo como uma das poucas opções de Bruninho.
A parcial parecia tão perdida que Bernardinho colocou parte de seu banco em quadra. Thiago Alves, Ricardinho e Rodrigão parecia ter entrado para que os titulares pudessem se poupar para o tie-break. Só que desta vez foi a Rússia que teve um apagão. Os europeus chegaram a fazer 21 a 14 e deixaram a seleção encostar. No fim, a distância no placar falou mais alto e os russos venceram por 25 a 22.
No sacrifício, Dante voltou à quadra no set definitivo, mas não conseguiu retomar o ritmo que havia apresentado nos dois primeiros sets. O Brasil se manteve apático em quadra e a Rússia dominou do início ao fim. Muito empolgados, os russos foram abrindo distância, fecharam o tie-break e asseguraram a vitória histórica e seu primeiro título olímpico como nação independente.
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